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Ilustração Editorial

Ilustração Editorial
Trabalhos desenvolvidos para projetos editoriais eletrônicos e impressos.
Cultura amazônica: uma diversidade diversa
Ilustrações elaboradas para o artigo de João de Jesus Paes Loureiro, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que aborda a multiplicidade cultural na Amazônia, fugindo aos estereótipos difundidos em escala nacional e internacional.

Novos Colonialismos
Particularmente difícil de ilustrar, o artigo "Novos Colonialismos: diálogos evanescentes em uma fronteira em movimento" precisou de uma abordagem específica para que texto e imagens se comunicassem. Levando em consideração o caráter subjetivo do artigo, foi necessário estabelecer uma conexão entre o conceito histórico de colonialismo com a ideia de modernização do mesmo, encarnada na figura de grandes conglomerados empresariais - no caso, o Monopoly Guy, peça chave de jogos de tabuleiros como Banco Imobiliário, que tem o monopólio completo da sociedade como objetivo, caiu como uma luva para a metáfora em relação a tao replicada arte sobre a evolução das espécies.
Mas uma única ilustração não daria conta das 24 laudas de texto. Isso criou a possibilidade (diria até necessidade) da elaboração de uma ordem narrativa, seguindo os mesmos preceitos gráficos empregados na ilustração de abertura. Dessa forma, cada peça, orientadas por seus respectivos subtítulos, representa uma situação subjetiva descrita no artigo. Assim estabeleceu-se uma comunicação entre texto e imagens, ao mesmo tempo que o elemento gráfico compôs uma narrativa paralela.

Falar é existir
Este artigo de Chanelle Dupuis, estudante da Florida State University, fala sobre as línguas ameaçadas no Brasil e no Equador. Como se trata de um tema muito abstrato, a ilustração precisava trazer uma única ideia que sintetizasse a "fala".
Nesse caso, as limitações de ilustrar através de um smartphone (Moto G5 S) se mostraram um fator de improdutiviadade. Cheguei a diversos impasses ao longo do processo, ao ponto de decidir pelo cell shading para entregar a ilustração.
Como se trata de desenhar em uma tela muito pequena, você acaba trabalhando elemento a elemento com o zoom ampliado demais - isso pode parecer bom para muitos ilustradores digitais, mas quando não se pode ver o todo, a ilustração pode perder a coerência (sem falar que os apegos a detalhes consomem muito tempo).

Não queremos saber pela mísera
capacidade de miséria
Outro exemplo de conteúdo abstrato difícil de ilustrar. Neste texto, o colunista Josué Vieira (especialista em debates abstratos sobre filosofia, literatura e representações amazônicas) fala sobre a sede de conhecimento do ser humano, relacionando o método científico à imaginação.

Nessa ocasião, tive a oportunidade de testar uma técnica que há tempos queria experimentar - usar hachuras coloridas para conferir volume à ilustração. Assim, pude resgatar tudo o que aprendi sobre nanquim e aplicar em uma ferramenta digital, simulando a inconstância dos traços de uma pena e mantendo um aspecto semelhante às gravuras de livros antigos.

Observatórios
A revista Amazônia Latitude publica observatórios para repercutir notícias e fatos relativos à Amazônia e meio ambiente fora dos moldes apresentados pela grande mídia. Com a falta de imagens factuais nos padrões jornalísticos - situação recorrente até em redações de grandes jornais - se faz necessário o uso de ilustrações diretas para fins de contextualização e impacto.

As imagens dispostas em sequencia são referentes às seguintes publicações.
1 - Brasil e EUA pretendem criar fundo de US$100 milhões para desenvolvimento econômico na Amazônia

Texto de minha autoria, aborda as suspeitas em torno da USAID, organização sem fins lucrativos bancada pelo Estado norte-americano que (supostamente) busca levar o desenvolvimento para seus aliados. Nesse caso se fez necessária uma caricatura dos dois mandatários, feita à nanquim e colorida no app Autodesk Sketchbook.



2 - Governo Federal prepara novas políticas de saúde para povos indígenas
Escrito por Natália Loyola, esse texto aborda os planos de reformulação nas políticas de saúde especiais voltadas para povos indígenas em todo o território nacional. Muitos desses povos habitam regiões de difícil acesso, o que gera a necessidade de um atendimento especializado voltado para essa população - problema que se agravou com a saída dos médicos cubanos do país. A proposta do governo era municipalizar a saúde indígena, dando a eles o mesmo tratamento fornecido ao restante da população brasileira.

Nesse caso, a ilustração - desenvolvida inteiramente no app Autodesk Sketchbook -  precisava representar a insatisfação e os protestos feitos pelos ameríndios brasileiros contra as medidas, ao mesmo tempo em que carregava a insatisfação e a tradição em seus elementos. 



3 - Limpeza étnica e o encontro de culturas: a violência sexual contra mulheres indígenas
Esse observatório da redação trata, entre outras coisas, da desmoralização e dominação do corpo feminino indígena através da violência sexual - prática corrente no país desde o período colonial. Em casos delicados como esse, onde não há certeza a respeito do uso de imagens (seja uma foto da vítima, uma foto genérica ou provas materiais do crime), uma ilustração vem a calhar. Mesmo que genérica, a ilustração dá o tom da peça, mostrando uma indígena acuada frente ao abusador (representado na sombra). Uma forma de aliar o traço simples à seriedade da situação. Ilustração também feita no Autodesk Sketchbook.



4 - Fundo Amazônia: o anúncio do fim e o que veio depois
Este observatório, escrito por Lucas Lacerda, aborda as controvérsias envolvendo o anúncio do possível encerramento do Fundo Amazônia, em 03 de julho de 2019.

Paralelamente ao anúncio, o INPE divulgava os dados do DETER que apontavam um aumento de 88% nos focos de queimada na Amazônia em comparação ao período equivalente em 2018 - a resposta do governo foi a negação dos dados científicos e a exoneração do diretor do instituto, Ricardo Galvão.

Tendo esse cenário como base, considerei que a clássica imagem dos três macacos (cego, surdo e mudo) se aplicava bem ao contexto, o que gerou a metáfora (e sátira) para a negação científica protagonizada pelo ministro Ricardo Salles, Jair Bolsonaro e a "bancada ruralista".



5 - Fogo na Amazônia: nova crise coloca política ambiental brasileira contra a parede
O governo manteve uma sequência sólida de polêmicas ambientais protagonizadas pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles em 2019. O pico de tensão ocorreu em julho, com a polêmica do aumento agressivo nas queimadas na Amazônia.

As imagens da floresta em chamas correram o mundo, sendo difícil encontrar originalidade para a ilustração em meio à tantas fotos chocantes. Por conta disso, decidi ilustrar um pôster para sintetizar a crise. Nele, podemos ver uma imagem icônica de Salles, onde sua postura, roupas e principalmente o charuto, conferem uma certa semelhança com narcotraficantes ao ministro.

A inação do governo quanto a crise foi um dos principais pontos criticados pela comunidade internacional. Tendo isso em mente, a imagem dos dois personagens do Executivo representados na ilustração precisavam passar a ideia de que estavam "apenas observando" a floresta queimar, sem se importar muito.

Esta ilustração foi a primeira feita com o Samsung Tab A 10'. Todas as outras ilustrações até aqui foram feitas com um smartphone Motorola Moto G5 S, o que era diversas vezes mais trabalhoso e menos produtivo.



6 - Discurso de Bolsonaro na ONU pode agravar quadro de violência contra povos indígenas
Durante a assembleia geral da ONU, em 24 de setembro de 2019, o presidente Bolsonaro mostrou que a crise internacional gerada pelas queimadas na Amazônia em agosto não foi suficiente para que o governo mudasse o rumo de suas políticas ambientais.

Na ocasião, o presidente reafirmou que não demarcará "nem um centímetro a mais" de terras indígenas. Além disso, Bolsonaro usou a oportunidade para atacar o cacique Raoni Metuktire, dizendo que a posição de um indígena não representa a de todos os povos indígenas do Brasil.

Jornalistas e sociedade civil acreditavam que Bolsonaro usaria a ocasião para se redimir perante a comunidade internacional - no entanto ele adotou a postura oposta. Sendo assim, nada mais adequado do que satirizar sua mais conhecida "pose" de campanha, desta vez na bancada da ONU.

7 - Projeto do Ministério do Turismo mira Terras Indígenas
Em 28 de outubro, o The Intercept Brasil publicou uma reportagem contendo uma carta da Embratur que pedia à Funai que encerrasse o processo de demarcação das terras dos tupinambás de olivença, no Sul da Bahia.

O pedido foi feito por conta do plano do governo em importar o Renova, projeto português que concede patrimônios da União com potencial turísico à iniciativa privada.

As terras dos Tupinambás de Olivença abrange os municípios de Ilhéus, Buerarema e Una, e é lar de mais de 4,6 mil indígenas, além de abrigar outras comunidades tradicionais - trata-se de uma área predominantemente de mata atlântica que se estende até o litoral.

De olho no "Renova Brasil", o grupo hoteleiro português, Vila Galé, já sinalizou interesse em construir um resort de luxo na área. Inclusive, deu início às negociações com a Embratur e as prefeituras dos municípios onde as terras estão compreendidas.
Apesar de se tratar de uma situação delicada e com potenciais consequências negativas para os Tpinambás, não pude de deixar de ver a ironia em portugueses invadindo territórios indígenas cerca de 500 anos depois de seu primeiro desembarque nas praias "brasileiras". Então, basicamente, sintetizei a ironia em uma imagem que remete ao primeiro contato entre indígenas e europeus no Brasil - uma galé portuguesa se aproximando de praias habitadas por indígenas (levando em conta o nome do grupo "Vila Galé) pode ser vista nas entrelinhas da situação.


8 - Câmara rejeita proposta para garantia de saúde indígena especializada
De autoria da deputada federal Joênia Wapichana (Rede-BR), a emenda à MP do Médicos pelo Brasil que pretendia evitar mudança na gestão de saúde indígena foi rejeitada por 276 votos a 116 pelo Plenário da Câmara  dos Deputados, em 26 de novembro. O texto propunha manter a política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas e a gestão básica à saúde indígena sob comando da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que executa tais atribuições desde 2010.

Pautas relacionadas à causa indígena passaram a ser recorrentes na Amazônia Latitude - sobretudo quando diretamente ligadas à política nacional. Com isso, decidi manter um padrão de ilustrações nos conteúdos de cunho factual, até mesmo para sinalizar de que se trata de um observatório.

O mesmo pode ser visto no segundo observatório (Governo Federal prepara novas políticas de saúde para povos indígenas), e no que vem a seguir.

9 - Augusto Aras destitui Deborah Duprat da CNDH
No início de dezembro, o Procurador Geral da República, Augusto Aras, destituiu a subprocuradora Deborah Duprat de seu cargo no Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), vinculado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

Duprat, que deveria assumir a presidência da CDNH em 2020, há anos era criticada pela bancada bala e a ala evangélica no Congresso Nacional por conta de sua atuação, sobretudo em relação ao direito de minorias e à violência policial.

Já Ailton Benedito, seu substituto, é conhecido por replicar discursos de extrema direita alinhados à ideologia do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.

Esse é um ótimo exemplo de conteúdo factual que se tornou recorrente no site. Nesses casos, a ilustração precisa ser rápida e direto ao ponto. Elas também se fazem necessárias para evitar usar imagens saturadas (publicadas em todos os outros veículos de comunicação), assim como não atingem os direitos autorais de nenhum fotógrafo ou artista gráfico.

Revista Maritaca
Revista produzida pelos alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A publicação compila a produção dos alunos na disciplina Técnicas de reportagem.
Nesse caso fui responsável pela elaboração da logomarca, projeto gráfico e ilustrações editoriais - estas encarnadas em um mascote que pode ser replicado ao longo das páginas.





Você pode conferir outras ilustrações no meu perfil do Instagram, @schuttsandro. Lá eu posto trabalhos autorais, sem vínculos com trabalho ou responsabilidades, podendo exercitar mais a criatividade. 
Sandro Schutt - Jornalista e Ilustrador
Editor de Conteúdo na revista digital Amazônia Latitude
Cel: (15) 998177365  Email: schuttsandro@outlook.com
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Ilustrações desenvolvidas para projetos editoriais digitais e impressos.

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